Deus faz prodígios

 

Tudo o que eu vivi nestes anos de padre é um maravilhoso prodígio de Deus. Eu me recordo bem que, no primeiro ano do curso primário, quando a superiora geral das Irmãs da Providência de Gap, da França, veio visitar o Brasil e o nosso colégio, ela fez aquela pergunta comum para as crianças: O que você quer ser quando crescer?

 

Cada um dos meus colegas foi dizendo. Quando chegou a minha vez, falei: eu quero ser padre! Eu tinha apenas 7 anos, mas não falei por falar, eu falei com convicção. Ser padre para servir a Deus, para ser bom, para cuidar dos homens.

 

Fui para Lavrinhas (SP) começar o seminário. Não imaginava, naquela época, tudo o que estava por vir, mas, no meu coração, já me preparava. Alguma coisa me dizia que não seria fácil, mas que seria lindo.

 

No final do curso de Teologia, seria ordenado padre. Diante de tão grande responsabilidade, nasceu uma interrogação em minha cabeça: “Será que conseguirei ser um bom padre?”

 

Olhando para as limitações, percebia que não seria capaz de sê-lo. Esse sentimento foi me apavorando de tal forma, que em meu coração não havia mais paz. Já não dormia nem comia direito. Eu não poderia ser padre de qualquer maneira. Então, resolvi conversar com meu diretor. Ele me escutou até o fim e, sorrindo, disse: “Jonas, você será no futuro o padre que você precisa ser hoje”.

 

No mesmo instante, compreendi tudo: A única maneira de garantir a qualidade da nossa vocação é vivendo o hoje da melhor forma possível”. A partir desse dia, comecei a viver a minha vocação dia a dia.

 

Fui ordenado padre salesiano de Dom Bosco. Foi um aprendizado muito concreto. Aprendi vivendo. Aos poucos, fui percebendo o rumo que realmente queria dar à minha vida de padre. Ser um instrumento para que os jovens pudessem viver uma experiência de amor, de fé, consequência do seu encontro pessoal com Cristo.

 

A jornada é sempre penosa. Os caminhos a serem percorridos não são asfaltados. Há pedregulhos; há subidas, descidas; há paisagens que comprometem os olhos daqueles que um dia tiveram esperança.

 

Para os descrentes, essa é a prova de que tudo está aí por acaso. Eu acredito em milagres e acredito em missão. E sei que cada história é lapidada com cuidado especial. Naturalmente, Deus respeita a liberdade de cada um. O chamado é dele. Foi ele quem amou primeiro. O resto depende de nós. Cada um deve seguir o impulso da sua vocação, por mais dura e complexa que seja.

Deus realmente realiza a Sua obra, nós é que precisamos ter a visão e a perseverança! Hoje posso dizer que Ele fez prodígios na minha vida.

 

Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib

Fundador da Comunidade Canção Nova e presidente da Fundação João Paulo II, mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação, em Cachoeira Paulista (SP). É um dos religiosos que mais se destacou utilizando os meios de comunicação na ação evangelizadora da Igreja Católica, na América Latina. Autor de 48 livros, CDs e DVDs, além de várias palestras em áudio e vídeo.