A festa da Páscoa, traz três ações de Deus na nossa vida com sua ressurreição: realiza-se a grande e secreta esperança da humanidade; um povo de homens livres caminha para a vida e o homem novo segundo o plano de Deus.
A humanidade pode ver realizada, por dom de Deus, a grande e secreta esperança: uma terra e céus novos, um mundo sem luto e sem lágrimas, paz e justiça, alegria e vida sem sombra e sem fim. Tudo isto, porém, aos olhos de quem crê, os traços da nova criatura, que se está formando na obscuridade e no trabalho da existência terrena. A morte é vencida pela morte de Jesus.
Ao contrário da nossa vida natural, que nos é dada sem nosso consentimento, na nova existência só se pode entrar com uma adesão consciente e livre à proposta de renascer através da conversão e do batismo. Assim para cada um dos que creem, a Páscoa é a passagem de um modo de viver para outro; é saída do Egito e imersão no Mar Vermelho é caminho pelo deserto até a terra prometida. Em uma única palavra, é o êxodo deste mundo ao Pai, em seguimento do Cristo, cabeça do novo povo, animado pelo sopro vital do seu Espírito.
O homem novo é o homem verdadeiro, assim como Deus o concebeu desde toda a eternidade, é o homem fiel à vocação de homem. O homem novo não é outro homem, alienado da condição terrestre para ser posto num paraíso qualquer. Na verdade, o homem velho vive na ilusão de poder realizar seu destino recorrendo unicamente a seus recursos. Já o homem novo realiza perfeitamente a vontade de Deus, único que pode admiti-lo à condição filial. Sabe que este SIM de criatura constitui o suporte necessário do SIM do Filho adotivo de Deus. Esta é a novidade de que os cristãos são testemunhas no mundo.
Assim, para todo aquele que crê a morte não é o fim da vida, mas a vitória sobre os limites da condição terrena e a participação da vida eterna de Deus. E o batismo é uma simbólica descida à morte junto com Cristo, para emergir, com ele, na liberdade dos filhos de Deus.
Hoje, ressuscitar com Cristo requer de cada crente uma adesão comprometida com a vida nova no Ressuscitado. Não basta viver somente uma bela celebração, mas viver a fé concreta que esta celebração convoca cada um daqueles que dizem: “Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia”.
Para uma meditação pessoal: como vivo hoje, como morto ou como vivo? Como alguém que reflete o Ressuscitado nos seus atos, ou como alguém que não conheceu a vida de Deus? Sou reflexo desta vida divina? Vivo um Deus que está vivo?
* Padre Anderson Marçal Moreira – membro da Comunidade Canção Nova. Doutor em Teologia Pastoral Bíblica e Litúrgica.