Quem não se lembra de um medo de infância? Medo do cachorro, medo de escuro, de ficar sozinho, de chuvas com trovoada, do fantasma do banheiro da escola. E quantos pais não vivem hoje a experiência de filhos que têm medo?
Medo é uma reação natural que todos temos e nos ajuda a enfrentar as situações, e até mesmo proteger-nos de riscos. Porém, certos medos tomam proporções exageradas e, com isso, a criança passa a ter dificuldades nos relacionamentos, assumindo comportamentos antes desconhecidos pelos pais.
Conforme a criança cresce, seus medos vão mudando, devido sua capacidade de compreender as coisas ao seu redor. Ela passa a separar o real do que é imaginário e as “ameaças” são percebidas de forma diferente. É muito importante que os pais não eduquem pelo medo: “olha o bicho papão”; “o homem da carrocinha”; “o homem da rua vai levar você se me desobedecer”, pois cria medos desnecessários e não educa.
Muitas vezes, a presença dos pais alivia os medos, especialmente quando os filhos são bem pequenos e incapazes de entender que aquilo foi apenas um sonho, ou que aquele barulho não é nada grave. Servem como apoio de figuras pelas quais a criança tem respeito e sabe que será protegida. Pais podem evitar maiores problemas, não tornando este medo ainda maior (mesmo que estejam passando por algo mais sério).
Se você tem medos, procure controlar-se perto das crianças. Se a criança tem um medo específico (mar, cachorro, inseto, escuro, etc), evite “forçar” que o enfrente violentamente, pois o que seria algo simples de superar torna-se uma fobia, um medo maior do que o normal e ainda mais paralisante, intensificando uma ansiedade desnecessariamente.
Os medos são diferentes em cada fase da vida. Por exemplo, é normal em bebês até 9 meses, os medos de sombras de pessoas desconhecidas. Já entre 2 e 3 anos, é comum medos de animais e insetos. Após os 3 anos o medo de escuro ou de dormirem sozinhas é mais presente. Os pais podem estar juntos, e ir, progressivamente se afastando, fechando a porta, deixando o quarto escuro. Evite tirar o filho do quarto em que dorme, pois estimula o medo. Na fase inicial da escola é normal os medos de animais que mordem e de afogamento, acidentes e tudo aquilo que possa causar dor. Apartir dos 7 anos, surge o medo da morte, especialmente da mãe, que é a pessoa de maior contato, a criança evita até mesmo que ela saia de casa, além de ter dificuldade em fazer atividades longe dela.
Frente a estas situações a dica é ouvir seu filho e seus medos, conversando sobre o que lhe causa desconforto. Ensine seu filho a perceber o que não é real, sem desfazer dos seus sentimentos. Os pais podem estar atentos aos medos, conversar com as crianças sobre eles, mas nunca exagerar na valorização do medo. Jogos, desenhos, histórias e a proximidade da família ajudam a superar tais dificuldades. Falar sobre situações de risco, também ajudam a criança a saber seus limites (fogo, choques, piscina, etc). O medo nunca deve ser usado como forma de poder dos pais sobre os filhos, e sim, compreendido, explicado e, com muito amor, superado.
Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.
Twitter: @elaineribeirosp
Blog: http://temasempsicologia.wordpress.com