Como lidar com os medos dos filhos na infância - por Elaine Ribeiro

 

Quem não se lembra de um medo de infância? Medo do cachorro, medo de escuro, de ficar sozinho, de chuvas com trovoada, do fantasma do banheiro da escola. E quantos pais não vivem hoje a experiência de filhos que têm medo?

Medo é uma reação natural que todos temos e nos ajuda a enfrentar as situações, e até mesmo proteger-nos de riscos. Porém, certos medos tomam proporções exageradas e, com isso, a criança passa a ter dificuldades nos relacionamentos, assumindo comportamentos antes desconhecidos pelos pais.

Conforme a criança cresce, seus medos vão mudando, devido sua capacidade de compreender as coisas ao seu redor. Ela passa a separar o real do que é imaginário e as “ameaças” são percebidas de forma diferente. É muito importante que os pais não eduquem pelo medo: “olha o bicho papão”; “o homem da carrocinha”; “o homem da rua vai levar você se me desobedecer”, pois cria medos desnecessários e não educa.

Muitas vezes, a presença dos pais alivia os medos, especialmente quando os filhos são bem pequenos e incapazes de entender que aquilo foi apenas um sonho, ou que aquele barulho não é nada grave. Servem como apoio de figuras pelas quais a criança tem respeito e sabe que será protegida. Pais podem evitar maiores problemas, não tornando este medo ainda maior (mesmo que estejam passando por algo mais sério).

Se você tem medos, procure controlar-se perto das crianças. Se a criança tem um medo específico (mar, cachorro, inseto, escuro, etc), evite “forçar” que o enfrente violentamente, pois o que seria algo simples de superar torna-se uma fobia, um medo maior do que o normal e ainda mais paralisante, intensificando uma ansiedade desnecessariamente.

Os medos são diferentes em cada fase da vida. Por exemplo, é normal em bebês até 9 meses, os medos de sombras de pessoas desconhecidas. Já entre 2 e 3 anos, é comum medos de animais e insetos. Após os 3 anos o medo de escuro ou de dormirem sozinhas é mais presente. Os pais podem estar juntos, e ir, progressivamente se afastando, fechando a porta, deixando o quarto escuro. Evite tirar o filho do quarto em que dorme, pois estimula o medo. Na fase inicial da escola é normal os medos de animais que mordem e de afogamento, acidentes e tudo aquilo que possa causar dor. Apartir dos 7 anos, surge o medo da morte, especialmente da mãe, que é a pessoa de maior contato, a criança evita até mesmo que ela saia de casa, além de ter dificuldade em fazer atividades longe dela.

Frente a estas situações a dica é ouvir seu filho e seus medos, conversando sobre o que lhe causa desconforto. Ensine seu filho a perceber o que não é real, sem desfazer dos seus sentimentos. Os pais podem estar atentos aos medos, conversar com as crianças sobre eles, mas nunca exagerar na valorização do medo. Jogos, desenhos, histórias e a proximidade da família ajudam a superar tais dificuldades. Falar sobre situações de risco, também ajudam a criança a saber seus limites (fogo, choques, piscina, etc). O medo nunca deve ser usado como forma de poder dos pais sobre os filhos, e sim, compreendido, explicado e, com muito amor, superado.

Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.
Twitter: @elaineribeirosp
Blog: http://temasempsicologia.wordpress.com