A verdadeira liberdade começa dentro, não fora de nós. Ela não depende tanto do fato de estarmos ou não limitados por algemas e grades, mas é uma realidade que acontece a partir da forma como organizamos as circunstâncias e experiências dentro de nós.
Há, por exemplo, quem esteja fisicamente livre pelo fato de não estar confinado em uma cadeia, mas que, todavia, sente-se constantemente aprisionado às muitas coisas que lhe roubam a liberdade e a espontaneidade.
Inúmeras pessoas não conseguem ser realmente livres para realizar suas escolhas e bem expressarem-se em seus relacionamentos. Seres humanos que não sabem exercer em plenitude a própria identidade, tornando-se dependentes da aprovação dos outros que precisarão, em tudo, impor o que devem ser e fazer.
É como se tais pessoas sempre falassem e tentassem se expressar, mas não conseguissem ser ouvidas nem devidamente compreendidas e interpretadas. Isto acontece porque a real identidade se encontra “sufocada” sob o peso de inúmeros entulhos e feridas emocionais, que são fruto de complicadas experiências presentes na própria história e no coração.
Pessoas assim não são capazes de trazer à tona sua mais genuína verdade, e vivem apenas para corresponder aos anseios dos outros. Essa é uma complexa trama emocional, que aos poucos esgota a pessoa e lhe rouba o contentamento e a liberdade de expressar o que verdadeiramente é.
Necessário será buscar compreender-se, olhando para a própria história de vida e para os fatos que a compõem. Assim será possível entender quais são os condicionamentos e feridas presentes em nós, que nos roubam a espontaneidade e não nos deixam progredir (sobretudo em nossos relacionamentos).
A partir de tal constatação precisaremos nos lançar, com empenho e assertividade, na concreta atividade de curar as raízes de nossa história, a fim de que nossas reais possibilidades e dons possam emergir.
Muitos são os talentos que descansam dentro de nós, inúmeras vezes soterrados por mágoas, feridas e complexos. Precisaremos retirar esses impedimentos, estimulando o que em nós há de bom, para assim podermos realmente avançar rumo às realizações que a vida quer nos confiar.
Fomos feitos para superar limites e condicionamentos, e para nos construirmos com liberdade e serenidade no coração. Por isso, precisaremos cada vez mais lutar para alcançar a devida força interior, que nos possibilitará conquistar novas metas e realizar os muitos sonhos com os quais Deus deseja nos abençoar em nossa trajetória.
Não nos acomodemos, mas invistamos nesse lindo processo, tornando-nos “bandeirantes” dentro de nós mesmos. Empenhemo-nos para curar as raízes de nossa história e assim expressar o que realmente somos, trazendo à tona a genuína identidade que em nós depositou o Criador.
*Padre Adriano Zandoná é membro da Comunidade Canção Nova e responsável pela Casa de Missão em São Paulo (SP). É apresentador na rádio América 1410 AM e autor dos livros”Curar-se para ser feliz”, “Construindo a Felicidade” e “Conquistando a Liberdade Interior”, pela Editora Canção Nova. Todas as segundas-feiras, às 19h30, preside a missa na Catedral Maronita Nossa Senhora do Líbano, em São Paulo, transmitida ao vivo pela TV Canção Nova.
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