*Luzia Santiago
“Recordar é viver”, diz o ditado popular. Realmente é tudo muito vivo na minha lembrança: era dia 2 de fevereiro de 1978, estávamos na fazenda Santa Elvira, em Lorena (SP), onde padre Jonas celebrou o nosso primeiro Compromisso da comunidade. Encontrava-me Estava na expectativa do que seria a partir daquela experiência.
Começamos a morar em um sobrado na Rua Dom Bosco, 95. Nossos dias transcorriam com várias atividades: missa, orações, trabalhos na casa, atendimentos aos jovens, especialmente usuários de drogas, grupos de oração, retiros e encontros na Diocese.
Padre Jonas sempre acreditou na força do jovem e na garra dos leigos. Eu, que tinha um “fusquinha branco”, ia de lá para cá em todo lugar, levando quem precisasse. Oração, trabalho e vida fraterna é o que me sustentava. Íamos por toda região evangelizando, somávamos forças com grupos de oração da Renovação Carismática Católica (RCC). Vimos a Palavra de Deus se realizar “Apossava-se de todos o temor, realizavam-se prodígios e sinais” (At 2,43).
Do meu coração entusiasmado brotavam orações segundo as promessas do Senhor para nós: “Enviai Senhor, o Teu Santo Espírito e a face da Terra renovai! Maranatha! Vem, Senhor Jesus!”. E já no início nos foi dirigida a Palavra: “Não será com a força nem com o poder e sim com o meu espírito é que a missão se realizará” (Zc 4,6).
Da cidade de Lorena, fomos para Queluz (SP) e, depois, Cachoeira Paulista. Daqui, para mais de vinte frentes de Missão, chegando à Europa, às Américas e ao Oriente Médio. Foi Deus que instituiu uma Canção Nova para o mundo, nos deu a força do carisma que nos orienta, nos direciona através do magistério da Igreja, e nos faz continuar a sonhar, confiar nas promessas e profecias.
A nossa ação evangelizadora como missionários nos remete ao serviço do Reino de Deus, buscando-o em primeiro lugar, como “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14). Nesses 40 anos, defino a minha consagração de vida como leiga com uma frase do Papa Francisco: “O sim total e generoso de uma vida doada é semelhante a uma fonte de água, escondida por muito tempo nas profundidades da terra, na expectativa de jorrar e escorrer, num riacho de pureza e refrigério.”.
No meu olhar, estamos deixando uma herança de fé e esperança, de quem crê que Deus faz novas todas as coisas, e que é preciso avançar com ousadia, pois outros virão. Avançar não como os melhores, mas como aqueles que aprendem a colocar Jesus precisamente onde Ele deve estar, no centro de tudo. Esse é o meu canto, essa é minha vida! Bendito seja Deus!
*Luzia Santiago é cofundadora da comunidade Canção Nova