* Paulo Pereira
No último domingo (28/10), dois anos após o anúncio do tema da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos – “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” -, o papa Francisco celebrou a missa de encerramento deste caminho sinodal, no qual a Igreja se colocou em total escuta do jovem, por meio de reuniões com representantes de todos os continentes e de um questionário disponibilizado na web para que jovens de todo o mundo pudessem responder. Garantiu-se assim que a pluralidade juvenil pudesse expressar as situações peculiares de cada grupo e cultura.
Na homilia de encerramento, o santo padre destacou três passos fundamentais no caminho da fé: escutar, fazer-se próximo e testemunhar. Para o Pontífice, a Igreja deve “Ouvir com amor, com paciência, como Deus faz conosco, com as nossas orações muitas vezes repetitivas”. Papa Francisco convidou os líderes da Igreja a se interrogarem se realmente estão sendo cristãos, capazes de serem próximos, de saírem para abraçar aqueles que não pertencem aos seus círculos, “a quem Deus ansiosamente procura”. E, ao saírem, tornarem-se portadores da vida nova,“não como mestres de todos, ou como especialistas do sagrado, mas como testemunhas do amor que salva”.
Durante seu papado, Francisco tem expressado o desejo de que se torne comum a realidade em que, jovens e anciãos caminhem juntos para construir um futuro melhor. Quando fez sua primeira viagem apostólica ao Brasil, por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude, inspirado pela festa de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus, ele exortou ao diálogo entre as gerações. Na ocasião, o pontífice relembrou o Documento de Aparecida, que afirma: “Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos: as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas”.
E foi exatamente essa a intuição que levou o pontífice a convocar esse caminho sinodal. O Papa estabeleceu um ambiente propício para que anciãos e jovens pudessem compartilhar suas experiências, e sonhos. Todos se puseram em escuta, e também expressaram seus anseios.
O documento final do sínodo destaca a novidade que foi a presença dos jovens em meio a cardeais e bispos que, por muitas vezes, estavam acostumados a um ambiente mais formal e eclesial: “Caminhando com eles, experimentamos que a proximidade cria as condições para que a Igreja seja um espaço de diálogo e testemunho de fraternidade que fascina”.
O Papa ainda afirmou, em seu discurso de encerramento, que o sínodo não é um parlamento, mas um espaço adequado onde o Espírito Santo age, e que o resultado desse caminho sinodal não é o documento em si, pois a Igreja já está cheia de documentos, mas que certamente o efeito estará visível na vida de todos os que traçaram esse caminho.
O documento não tem valor magisterial, mas é uma orientação clara e dinâmica para a pastoral com os jovens. O desejo da Igreja é que cada bispo trabalhe o documento sinodal em sua diocese. Cada fiel é convidado a receber esse “presente do Espírito Santo” e a refletir sobre o que Ele quer nos dizer.
* José Paulo Neves Pereira é missionário da Comunidade Canção Nova e atuou por quatro anos na frente de Missão em Roma, no Jornalismo da TV. Atualmente é Coordenador de Conteúdo da TV Canção Nova.