Uma tragédia sempre nos desinstala e nos provoca diversas reações. Vamos de juízes a promotores, da compaixão à indignação. Realmente, o que muitos pensam, mas poucos verbalizam é: “Onde estava Deus?”
Neste fim de semana, o Brasil, senão o mundo foi abalado pela tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Eu me pergunto: “Onde estava Deus? Por que o silêncio? Como Ele pôde tolerar tal destruição?” Só de pensar que foram as mesmas perguntas que o Papa Bento XVI fez, em 2006, quando visitou Auschwitz fico mais tranquilo diante de perguntas que nos tiram o fôlego e nos lançam a dois sentimentos: indignação ou abertura ao mistério.
Nessa hora, escolho a abertura ao mistério de Deus, pois não podemos penetrar em Seus segredos, apenas tateamos os fragmentos de uma tentativa de compreensão. Nesta hora, prefiro escolher o lugar de Santa Maria que, diante da tragédia, olhou com confiança para um Deus que tem o controle de todas as coisas, um olhar que se lança para uma eternidade feliz no Senhor.
Não quero assumir o juiz da situação e dizer: “O que eles faziam ali? O que queriam? O que… o que…?” Não! Não quero ser um dedo que aponta, mas um braço que acolhe e diz: “Há esperança mesmo que tudo seja ruína”. Prefiro o mistério à acusação. O Deus, no qual nós cremos, é o Senhor da razão que, certamente, não é uma matemática neutra do universo por teoremas do tipo A+B=AB. Ele é só amor, só o bem.
Não tenho dúvidas de que aquelas centenas de jovens tinham um desejo profundo de Deus, queriam ser felizes de verdade; neles, existiam sonhos e esperanças. A fumaça não sufocou o desejo por felicidade apenas, mas vidas que tinham tudo para dar certo.
Diante da pergunta inicial – Onde estava Deus? -, fico com a resposta que também é uma pergunta: onde eu estou nesse mundo? O que estou fazendo para que o maior número de jovens entenda que só Deus sacia o desejo pela felicidade? Hoje, preciso fazer a diferença muito mais do que ontem. Onde o Senhor precisa estar – é lá que Ele conta comigo para estar. Preciso fazer a diferença!
Santa Maria, aos pés da cruz, não estava indignada com Deus por Ele ter permitido que o Filho ali morresse, mas o coração dela estava tomado pela certeza de que ali começava uma nova história de eternidade.
Que seja a Santa Mãe de Deus a consolar tantas famílias que, agora, choram. Que ela mesma possa nos fazer olhar para um Pai que só sabe amar.
Santa Maria, rogai por nós!
Adriano Gonçalves é missionário, formado em filosofia, acadêmico em psicologia e apresentador do Programa Revolução Jesus na TV Canção Nova. É autor de três livros pela Editora Canção Nova: “Santos de Calça Jeans”, “Nasci pra dar certo!” e “Quero um Amor Maior”.
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