* Padre Wagner Ferreira
Aproxima-se o Natal. Os enfeites nas ruas nos indicam a chegada dessa festa cristã, cuja principal motivação é o nascimento de Jesus. Apesar da atual pandemia, a preocupação com festas, ceia natalina, compra de presentes, tudo isso agita a vida das pessoas. E, de vez em quando, surge diante dos nossos olhos um dos símbolos mais significativos do Natal: o presépio, cujo centro é a imagem de um frágil menino deitado na manjedoura.
Feito de cerâmica, lenho ou outros materiais, com muita ou pouca luz, organizado com imagens pequenas ou grandes, o presépio nos sinaliza para o verdadeiro sentido do Natal, narrado pelos textos bíblicos, principalmente, os evangelhos de Mateus e Lucas.
Ao contemplarmos o presépio, o que Deus fala aos nossos corações? Que lições podemos extrair para viver o dia a dia com o sabor do Reino de Deus? O presépio me provoca a ter uma atenção maior ao que Deus me fala por meio dos evangelhos, que dão destaque ao mistério do nascimento de Jesus, o Salvador da humanidade.
De acordo com São Lucas, a boa notícia do nascimento do Salvador fora proclamada pelo anjo do Senhor aos pastores de Belém, que, por sua vez, “foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura” (Lc 2,16). Essa alegre experiência de fé vivida pelos pastores pode nos ajudar a celebrar o Natal, tendo presente o quanto Deus faz questão de revelar seu plano de amor e salvação através de uma família simples de Nazaré da Galileia: Jesus, Maria e José. Impressiona-me o modo como Deus valoriza a família humana, a ponto de querer manifestar-se como Salvador da humanidade a partir da vida da Sagrada Família.
O Papa Francisco, no último dia 8 de dezembro, iniciou um ano dedicado a São José. Nessa ocasião, o Santo Padre publicou um documento intitulado Patris corde (Com coração de pai), onde se destacam as virtudes de São José, que todos nós somos chamados a praticar. Em meio à crise que nos afeta, por conta da atual pandemia, afirma o Papa, “as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”.
Neste Natal, vamos espiritualmente a Belém como os pastores e confiemos nossas famílias à intercessão da Sagrada Família. Em especial, que São José, “o homem da presença quotidiana discreta e escondida”, seja para nossas famílias um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. Um Santo Natal a todos!
* Padre Wagner Ferreira da Silva é missionário da Comunidade Canção Nova e vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias.