*Bruno Cunha
As pessoas, as famílias, estão cada vez mais com o orçamento apertado, com muitas contas a pagar, e sobrecarregadas com a volta da inflação. Nesse momento, surgem oportunidades e surgem também perigos, como os casos das famosas pirâmides financeiras.
A pirâmide financeira é um esquema onde um grupo de pessoas oferece vantagens para, geralmente, pessoas leigas ou que têm pouco conhecimento na área. São oportunidades de entrar em um esquema com pouco dinheiro, às vezes nem tão pouco, e ter um retorno rápido, muito acima de qualquer outro tipo de investimento, como, por exemplo, aplicações financeiras. E muita gente cai nesses golpes! Essa é a melhor palavra para caracterizar esses esquemas.
Infelizmente, esse tipo de negócio, esse tipo de fraude, cresceu ainda mais nos tempos da pandemia. Pessoas com dificuldades financeiras recebem essas ofertas, muitas vezes, de amigos ou por whatsApp com o discurso de que uma certa pessoa entende muito de finanças, de economia, de negócios mas, na realidade, é apenas um esquema fraudulento que cedo ou tarde vai estourar, e pessoas leigas ou desempregadas acabam sendo prejudicadas. Portanto, seguem alguns pontos importantes para você identificar se é ou não uma pirâmide financeira.
Primeiro ponto, “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Se alguém está oferecendo uma oportunidade de negócio, rendimento, ou até mesmo de investimento com retorno rápido, acima do normal, desconfie, porque o verdadeiro investimento leva tempo e não rende tanto. Então, é preciso desconfiar.
Segundo ponto, é importante pedir documentos, certidões, CNPJ, CPF, fazer uma investigação mínima dessa empresa, da pessoa que está oferecendo o serviço financeiro. E aí, você pode ter uma noção se essa pessoa tem processo judicial, nome sujo no SPC. É importante ter essa informação.
E muita calma nessa hora. Não tenha pressa! Golpistas geralmente apelam para emoção e para a pressa. Fique atento a frases do tipo: “tem que ser rápido, se não você vai ficar de fora, vai perder a oportunidade de ter um futuro melhor”. Isso significa um apelo às suas emoções, muitas vezes já fragilizadas pelo aperto financeiro.
Terceiro ponto, se algum amigo seu teve retorno financeiro com essa pessoa, não significa que você terá. Isso também é um ponto muito importante. Os esquemas de pirâmides financeiras, às vezes, se arrastam por anos e anos a fio, e mais e mais pessoas passam a acreditar que aquilo funciona, até que, num determinado momento, a pessoa que diz honrar os pagamentos, desaparece com o dinheiro de todos. Então, o fato de algumas pessoas terem recebido dinheiro, não significa que você receberá.
Quarto ponto: verifique a qual instituição financeira essa pessoa está ligada, se tem uma conta bancária, se está ligada a uma corretora, se tem uma empresa registrada na Receita Federal e Junta Comercial do Estado. Ela tem um contrato social? Logo, é muito importante, inclusive, verificar fisicamente onde está localizada (endereço, escritório).
Procure também verificar informações sobre ela com as autoridades competentes. Se você for leigo no assunto, pode ter auxílio de um contador, de um economista, de um administrador. Não tenha receio, peça ajuda às pessoas mais próximas a você, para investigar essa empresa, antes de colocar o seu dinheiro suado em mãos desconhecidas. “O seguro morreu de velho”.
Prof. Ms. Bruno Cunha, missionário da Comunidade Canção Nova, é economista, com 20 anos de experiência em Finanças, Macroeconomia, Mercado Financeiro, Educação Financeira, Finanças pessoais e Administração Financeira e Orçamentária. Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNITAU; MBA pela FGV e graduação em Ciências Econômicas pela UFPE. Atualmente, professor e assistente de coordenação do curso de Administração na FCN.