Bom, é fácil e difícil falar do padre Jonas. Fácil por causa de sua pessoa e difícil pela possibilidade de perder algum detalhe. Claro, tudo o que se diz do padre Jonas não é mérito dele, mas graça e misericórdia do Pai. Assim ouso resumir meu contato com ele em três palavras: atencioso, homem de Deus e sensível.
Ingressei na comunidade Canção Nova no ano de 2003, com toda sede de evangelizar, de gastar a vida pela obra de Deus. Lembro-me do padre Jonas visitando nossa casa de pré-discipulado, a “Casa de Nazaré”, ele sempre rodeado de pessoas, todos queriam sua atenção e alguma palavra ou uma bênção. Eu tinha receio de importuná-lo e como ele cumprimentava a todos, sempre deixava chegar a minha vez.
No primeiro contato lembro-me de ter pedido a bênção e o abraçado, pronto! Foi engraçado que havia pensado em dizer algumas palavras, porém não saiu nada. Destaco sua atenção a cada um, então me sentia exclusivo com aquele pequeno gesto, mas de toda forma para mim marcante e significativo. Tais gestos me inspiram no meu ministério, devo ser assim também, devo dar atenção a cada pessoa, porque cada pessoa é única e importante.
No tempo do discipulado, padre Jonas nos atendia individualmente, também aqui foi engraçado, nós discípulos, ou pelo menos a maioria, ficávamos observando quanto tempo cada discípulo levava com o fundador. Quando chegou a minha vez, lembro-me que estava nervoso, preparei algumas palavras a dizer, e ele todo atencioso deu as orientações e rezou por mim, uau! Foi uma bênção estar com ele e receber sua oração, já sentia mesmo: “Que homem de Deus!”
Homem de Deus que teve paciência comigo, não teve pressa em me atender, poderia ter ouvido e despedido logo, mas me orientou e rezou. Ali, aprendi novamente que é preciso ser um homem de Deus, que se doa pelo Reino, com paciência, sem pressa em dispensar seu tempo aos outros, mas tem pressa em salvar almas, e isso aprendi com padre Jonas.
Depois, no ano seguinte, ingressei no seminário da Canção Nova e ele se fez presente em vários momentos, inclusive priorizava a presença em nossos retiros. Houve uma missa no capelão de São José que eu fiz o comentário inicial, e após a celebração padre Jonas me chamou de canto, no fundo pensei: “Ai!” Ele vai me chamar atenção por algum erro, mas ele me disse “Tem uma boa voz, cuide dela”, nossa! Ele me viu e ouviu (risos), eu me senti importante, me senti amado. Percebi naquele momento sua sensibilidade e aquelas palavras tiveram outros significados para mim, era como se ele dissesse: “Cuide de sua vocação, cuide de ser santo, cuide-se…” A partir desse fato, tirei como lição que devo ter também essa sensibilidade em dar alguma palavra que edifique e ajude o próximo.
Enfim, recordo-me de outras experiências com o padre Jonas, mas destaco, dentro da partilha, seu ser atencioso, seu ser de Deus e sua sensibilidade. Tudo isso por quê? Porque padre Jonas tinha o grande desejo de anunciar Jesus, o Salvador, o grande desejo de santidade que o motivava a viver, o desejo de salvar almas, a busca em cantar uma Canção Nova com a vida. Ele cantou, cantou com a voz e com a vida, “cantou” com inúmeras pregações, “cantou” com as obras de misericórdia, cantava e nos motivava a cantar, e a ser “João Batista”, ou seja, cantar e apontar para Cristo.
“Obrigado, Pai das Misericórdias, por nos ter dado o padre Jonas, obrigado pelos dons que concedestes a ele, obrigado porque ele nos ensinou a amar seu Filho nosso Senhor e a clamar sempre pelo vosso Espírito que é amor e consolador. Amém”.
* Padre Marcio Prado é sacerdote da Comunidade Canção Nova. Autor dos livros “Entender e viver o Ano da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela editora Canção Nova. Twitter: @padremarciocn / Instagram:@padremarciocn