A Bíblia descreve São José como “um homem justo” (Mt 1,19), que pode ser traduzido como “aquele que é virtuoso em todas as coisas”. Se quisermos aprender com São José, devemos começar por imitar as virtudes que ele praticava diariamente em sua vida. Para isso, podemos nos servir de alguns trechos da encíclica do Papa Francisco sobre São José: Patris Corde.
A grandeza de São José, um pai amado, é que foi esposo de Maria e pai de Jesus. São Paulo VI disse que José expressou concretamente a sua paternidade. “Transformou a sua vocação humana ao amor doméstico numa oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as suas capacidades, um amor posto ao serviço do Messias que crescia na sua casa”.
Em José, Jesus viu o terno amor de Deus. Pai amoroso, ele nos ensina que a fé inclui acreditar que Ele pode trabalhar mesmo nos nossos medos, fragilidades e fraquezas. Devemos aprender a olhar para nossas fraquezas com terna misericórdia. O Espírito traz à luz a nossa fragilidade com ternura e amor.
O Papa Francisco aponta na encíclica Patris Corde que, como aconteceu com Maria, Deus revelou o Plano de Salvação a José, um pai obediente, por meio de uma série de sonhos. Diante da gravidez de Maria, José respondeu imediatamente como narra o Evangelho: “ele fez como o anjo lhe ordenou” (Mt 1, 24).
Na Fuga para o Egito, em sonho, o anjo diz a José: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurar o menino para o matar” (Mt 2,13). José não hesitou em obedecer, apesar das dificuldades envolvidas.
Já no retorno para casa, num terceiro sonho, o anjo disse a ele: “aqueles que tentaram matar a criança estão mortos. Levanta-te, toma o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel (Mt 2, 19-20).
Em todas essas situações, José declarou seu próprio “fiat”, como os de Maria na Anunciação e de Jesus no Horto do Getsêmani.
Em José também vemos um pai que aceita: “Muitas vezes na vida acontecem coisas cujo significado não entendemos… José deixou de lado suas próprias ideias para aceitar o curso dos acontecimentos e, por mais misteriosos que parecessem, abraçá-los, responsabilizá-los e torná-los parte de sua própria história. Se não nos reconciliarmos com a nossa própria história, não poderemos dar um único passo em frente, pois seremos sempre reféns das nossas expectativas e das desilusões que se seguem… O acolhimento pode ser expressão do dom da fortaleza do Espírito Santo. Só o Senhor pode dar-nos a força necessária para aceitar a vida como ela é, com todas as suas contradições, frustrações e desilusões” (Patris Corde).
A coragem criativa é outra virtude de São José que, diante da dificuldade, não desistiu: “José tomou uma estrebaria e, como pôde, transformou-a numa casa acolhedora para o Filho de Deus vindo ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). “Deus sempre encontra uma maneira de nos salvar, desde que tenhamos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, que soube transformar um problema em uma possibilidade confiando sempre na providência divina”.
José era um pai trabalhador. Desde a primeira Encíclica social, Rerum Novarum, publicada pelo Papa Leão XIII em 1891, a virtude de São José que se destacou foi a sua relação com o trabalho. Todos nós conhecemos as histórias da habilidade de José como carpinteiro e como ele trabalhava para sustentar sua família. Foi assim que Jesus “aprendeu o valor, a dignidade e a alegria de comer o pão fruto do próprio trabalho”.
“A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode servir de convite a todos nós para redescobrirmos o valor, a importância e a necessidade do trabalho para a instauração de um novo “normal” do qual ninguém seja excluído.”
Por fim, ao escrever sobre as virtudes de José, o Papa Francisco faz referência a um romance escrito pelo autor polonês, Jan Dobraczyński (A Sombra do Pai), no qual José é descrito como a “sombra terrena do Pai Celestial”.
* Kaique Duarte é seminarista da Comunidade Canção Nova.
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