Flores precisam de cultivo para florescer; assim como as pessoas...

Estive pensando na relação que existe entre pessoas e flores. Aprendi que cada planta tem seus mistérios e exige cuidados específicos, adaptam-se ou não a determinadas situações do clima e do solo. Por isso, o tratamento de um jardim, por exemplo, nunca pode acontecer “em série”, e o melhor resultado na variedade de cores, aromas e beleza será daquele ao qual mais se dedicou o cultivo. Com pessoas seria diferente?

Por estes dias vivi uma situação que tem me feito pensar ainda mais nessa relação entre pessoas e flores. Chegando a um supermercado, fui atraída pela diversidade de violetas e uma delas chamou-me a atenção pela cor e pela diferença entre as outras. Elegi, em segundos, a minha preferida.

Continuando a trajetória – dentro do supermercado, fui percebendo que a violeta escolhida tinha graves defeitos: flores murchas, folhas quebradas e, na verdade, sua cor já não me parecia tão atraente, ou seja, perdi o encanto da primeira vista. Então, decidi que a trocaria por outra.

Voltei à área de jardinagem e procurei identificar outra violeta que eu elegeria para substituir a que eu havia escolhido minutos antes. Ao abaixar-me para escolher outra flor, ouvi Deus falando ao meu coração: Como você se deixa levar pelas aparências! Primeiro, escolheu a violeta e lutou por ela, mas ao perceber algumas imperfeições decidiu trocá-la por outra! Certamente, você espera receber da planta sua beleza e vivacidade. Mas e você? Não tem nada a lhe oferecer? Já pensou se, ao invés de trocar a planta por outra, resolver levá-la para casa e dedicar-se ao seu cultivo?

Lembrei-me, então, da frase de Saint-Exupéry: “O tempo que eu gastei com minha rosa é o que fez minha rosa ser mais importante”. Sem dar ouvidos à razão, fiz o que meu coração mandava: trouxe a violeta e tenho cuidado dela. Aliás, enquanto escrevo, desfruto de sua agradável companhia. Com este fato, Deus tem me falado que, o que aconteceu com a violeta também acontece com as pessoas.

Muitas vezes, escolhemos alguém para fazer parte da nossa vida levados pela aparência. Envolvidos pela emoção do encontro, fazemos logo uma ideia a respeito da pessoa: “perfeita”. Só que isso, geralmente, é passageiro, e quando o encantamento se vai, fica a realidade e começamos a lidar com as limitações da pessoa. Sem  o devido tempo para passarmos do encantamento ao amor, nossa primeira atitude será de recusa.

Falta-nos maestria, coragem e disposição para ajudar o outro na arte de ser melhor. Pessoas são escolhidas ou descartadas em seus relacionamentos como se fossem flores de supermercado. Defeitos todos temos; as violetas também. Percebi, olhando com mais calma, que, entre tantas flores, não havia um vasinho que fosse perfeito.

Com gente também é assim. Se esperarmos pessoas “prontas e perfeitas” para amar, corremos o risco de passar a vida inteira sozinhos ou “trocando de vasos”, sem ter a alegria de ver nascer novos brotos na planta que decidimos cultivar.

A violeta, que hoje está em suas mãos, pode ser seu esposo, esposa, filho, colega de trabalho, amigo, pai ou mãe… Enfim, a decisão deve ser a mesma: empenhar-se no cultivo! Se tiver a coragem de viver esta aventura, verá que vale muito mais contemplar os brotos que virão depois dos seus cuidados.

Cada sinal de vida será motivo de celebração e vitória. Faça a experiência, Deus o ajudará no cultivo! Ele é “Mestre” em transformar desertos em jardins.

*Djanira Silva é missionária da Comunidade Canção Nova e locutora da Rádio América 1410 AM.
djanira@geracaophn.com