José de Anchieta: o apóstolo do Brasil - por prof. Felipe Aquino

O Papa Francisco canonizará o beato José de Anchieta, grande missionário que chegou ao Brasil com 19 anos, tendo as melhores disposições espirituais possíveis. Ainda não era sacerdote, mas foi um dos primeiros missionários jesuítas que se estabeleceu na nova terra. Sua meta era conquistar almas para Cristo e durante toda sua vida se empenhou nisto. Veio do arquipélago das Canárias, de família rica, e nunca mais saiu daqui.
Outro beato, que em breve será canonizado, João Paulo II, disse que “O Brasil precisa de santos, muitos santos”. Pois bem, a canonização de José de Anchieta é uma glória para a Igreja e para o Brasil, pois ele gastou aqui a sua vida na evangelização dos índios, identificando-se com eles sem perder sua própria identidade. Usou toda a sua cultura adquirida na célebre Universidade de Coimbra, além das ciências que adquiriu nas escolas dos padres da Companhia de Jesus. Como mandou Jesus, “deu de graça o que recebeu de graça” e “perdeu a vida para ganhá-la”. Um santo.


Na travessia do Oceano era o mais jovem dos jesuítas na esquadra do Governador Duarte da Costa. Com uma fé exuberante, acalentava uma esperança que, por amor a Deus, seria capaz de evangelizar um país e formar um povo. Chegou a Salvador em junho de 1553 e logo dirigiu-se a São Vicente.
Com seus talentos conseguiu com os índios um amplo entendimento. Para eles foi médico, professor, amigo e defensor. Subiu a Serra de Santos e chegou ao Planalto de Piratininga, povoado por milhares de índios que viviam em aldeias distintas. Em 1554, no dia 25 de janeiro, festa da Conversão de São Paulo Apóstolo, Anchieta participou da fundação do colégio da Vila de São Paulo de Piratininga, onde também foi professor. Estava nascendo a cidade de São Paulo. Anchieta construiu um seminário perto do Colégio de Piratininga e nele também deu aulas. Tudo isto em apenas seis meses desde que ele chegara à Terra de Santa Cruz.
O Padre Manoel de Nóbrega deu-lhe a missão de decifrar o tupi-guarani. Em apenas seis meses ele conseguiu entender e falar a língua dos índios e, em um ano, criou uma gramática. Foi provincial da Companhia de Jesus entre os anos de 1577 a 1587.

O trabalho de Anchieta foi decisivo para a implantação do catolicismo no Brasil. Com seu conhecimento, fé e vontade de evangelizar, percorreu a pé, a cavalo, em embarcações, boa parte do país. Ele lançou os fundamentos da catequese e educação dos jesuítas no Brasil e defendeu os índios contra a escravidão. É famoso seu “Poema da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus”, escrito originariamente nas areias da praia de Iperoig (hoje Ubatuba/SP).
Uma relíquia do Beato Anchieta – fêmur exposto – está na Igreja do Pátio do Colégio, em São Paulo. Anchieta viveu como missionário, agiu como herói, morreu como santo. Sua canonização nos enche de alegria e de esperança, pois temos um grande intercessor no céu pelo Brasil.
Sua vida é um alento para a Igreja e para todos nós; é exemplo. Acima de tudo foi sacerdote que cuidou das doenças e feridas das almas, da espiritualidade de todo o povo. Foi chamado de “Apóstolo do Novo Mundo”, para nós, “Apóstolo do Brasil”. Um grande santo brasileiro nascido fora do país. O seu segredo era a fé, pois era um homem todo de Deus. Ser canonizado coroa sua vida de santidade.


*Felipe Aquino é professor de física e matemática, autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos” na TV Canção Nova e “No Coração da Igreja”, na Rádio Canção Nova. Em julho de 2012 recebeu o título de “Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno”, concedida pelo Papa às pessoas que se destacam, no seu trabalho, em prol da evangelização, em defesa da fé e o desenvolvimento da Igreja Católica.