Num ensaio teatral de Dostoiévski, escritor que marcou uma época e gerações, reproduzido num de seus textos, uma das personagens se acomodou com a ideia de que o mundo era assim mesmo e que nada seria capaz de melhorá-lo. Ela começou a monologar e, vendo que a rotina das injustiças sociais continuava, resolveu desistir.

A Igreja não servia, pois o clero era pecador. Política não prestava, todos eram corruptos. O homem era muito contraditório. Sabe no que ela começou a crer? No suicídio. E o mais grave: durante o bom tempo de sua interpretação, ator e personagem se confundiam e davam argumentos maravilhosos sobre o que deveria ser a “magnífica experiência da morte, opção dos pobres”.

É o cúmulo da síndrome de quem não acredita em mais nada. Conformou-se com o desânimo. Conformou-se: tomou a forma. Imagine o terrível resultado: alguém que toma a forma do desânimo. E quem sofre da síndrome do “Deus-Quis-Assim” tem a terrível tendência de ver a vida cheia de justificativas negativas. Camufladas em bom senso, as coisas parecem seguir uma rotina que não tem jeito.

Muitas vezes, as pessoas contaminam sua mente e seu coração com as próprias palavras. Dizem para si mesmas palavras de desânimo, medo, aflição, e registram tudo em sua mente – o inconsciente não tem passado, nem futuro; para ele tudo é presente, fica gravado. O tempo é algo criado pela mente humana; na verdade o que existe é um eterno presente, apenas hoje e o agora.

E as pessoas vão se entristecendo, desanimando, vivendo, frequentemente, com cara de “cemitério”. Não estou minimizando seu problema, ao contrário, respeito as dificuldades que você enfrenta. É preciso que tenha esta certeza no coração: Deus não “pula para fora” de sua vida nos momentos difíceis! Ele o carrega nos braços.

Mesmo com sua vida cheia de problemas, sua alegria vem de Deus. Por maiores que sejam, as tribulações e problemas são passageiros. Não pare, não desanime, tudo passa!

Seu irmão, Monsenhor Jonas Abib,
Fundador da Comunidade Canção Nova, presidente da Fundação João Paulo II, mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação, em Cachoeira Paulista (SP) e reitor do Santuário do Pai das Misericórdias. É um dos religiosos que mais se destacou utilizando os meios de comunicação na ação evangelizadora da Igreja Católica, na América Latina. Autor de 57 livros, CDs e DVDs, além de várias palestras em áudio e vídeo.