Impossível para o homem dos jogos alcançar índices olímpicos e não olhar o próximo, seu concorrente, como um adversário dentro das quatro linhas esportivas. Na hora da prova, os olhos ficam vidrados, a força para ser o melhor se renova e a adrenalina sobe muito. Vai mais alto que o antigo saque “Jornada nas Estrelas”, criado por Bernard, medalhista de prata do voleibol brasileiro, na década de 80.
Certamente novas marcas serão alcançadas e recordes quebrados. Os detalhes serão registrados com foco pelas lentes dos que vão escrever a história da edição de número 33 dos Jogos Olímpicos de Paris.
A capital francesa precisou ser reinventada para sediar o evento esportivo considerado o mais tecnológico e apontado também como o mais ecologicamente correto. Tanto que a preservação do meio ambiente foi uma forte peça publicitária do governo francês.
Só que a verdade sempre aparece como uma velocista disputando os 100 metros rasos e a propaganda não foi muito longe. Um relatório da qualidade do ar, divulgado dez dias antes do início dos jogos, revela que os ares parisienses não vão facilitar os pulmões dos atletas.
O nome Olimpíadas tem como fundamento a cidade de Olímpia, na Grécia, onde as primeiras competições foram realizadas, em 776 a.C. Era um tempo em que só os homens competiam e o vencedor recebia como prêmio uma coroa com folhas de oliveira. Só em 1863 as chamadas Olimpíadas Modernas foram recriadas em uma celebração esportiva que reunia atletas de várias nações.
Tanto nos jogos antigos da Grécia, como na era moderna das competições, o principal objetivo é sempre promover a paz entre as nações. Em 1913, a paz ganhou um símbolo: a bandeira olímpica. A união dos cinco continentes do mundo em forma de anéis, até hoje tem como fundo o branco da paz. E os cinco anéis com as cores azul, preto, vermelho, amarelo e verde.
O sonho de paz, a partir dos jogos olímpicos, precisa passar obrigatoriamente pelos corações dos homens que organizam e disputam os jogos. Existe uma ética esportiva que transcende a rivalidade. Mas alguns corações endurecidos e determinados a permanecer longe da paz, dificultam o percurso. Tanto que por três edições, os Jogos Olímpicos não foram realizados em virtude de duas guerras mundiais. Em 1916 a primeira guerra mundial impediu as disputas. E em outras duas edições, em 1940 e 1944, os jogos foram cancelados por causa da segunda guerra mundial.
Mas o que falta para que o bem seja vitorioso na forma de elevar e praticar a paz entre as nações? Talvez esteja faltando entre os atletas e os chefes de estado, o entendimento do verdadeiro sentido das competições e tratados de paz. Entender que não existe paz e nem vencedores, quando nos esquecemos de quem nos deu a força física, a inteligência e a própria vida para exercermos bem tudo que fazemos.
Desde aquele que passa o rodo na quadra molhada de suor e evita que alguém se machuque durante a competição, até o que recebe a medalha de ouro por ser o melhor do mundo, é preciso olhar o próximo com caridade. Isso precisa ser o ponto de partida em qualquer disputa saudável. Porque sem caridade e sem espaço para o Criador, em todas as disputas enfrentadas, nada se tem ou nada se é, no esporte e na vida!
E na velha máxima: “Que vença o melhor!”, seja sempre Deus a vencer em cada um de nós, atletas ou não! Que tenhamos a mesma certeza do apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição” (2 Tm 4, 7).
*Wallace Manhães de Andrade é missionário, escritor e editor-Chefe – Jornalismo Canção Nova.