*Elaine Ribeiro
Crescer, desenvolver-se, ser criado, amadurecer. Quando pensamos nessas etapas de vida, logo nos vem à mente a figura materna. Mas qual o papel e a importância do pai em nosso desenvolvimento?
Essa interação, segundo pesquisas e diversos autores da psicologia, facilita a integração da criança na vida social, faz um rito de passagem da dependência materna para a independência e para as relações sociais. Auxilia, portanto, essa transição, visto que as primeiras experiências afetivas e relacionais do bebê se dão com a mãe, sendo que o pai é o primeiro “outro” na vida da criança.
Esse papel paterno, que ancestralmente traz sentido de medição protetora, sugere nos últimos tempos dar o lugar ao pai que traz consigo a grande preocupação com a manutenção material de sua família e está num emaranhado da disputa de papéis sociais e profissionais.
Os primeiros meses de vida devem ser apoiados pela figura paterna para estruturação psíquica da criança. Já no segundo ano de vida, esse papel contribui para sua socialização. Sua presença amorosa, ativa, que aponta caminhos e limites, contribuirá significativamente para uma personalidade saudável, que consiga lidar com os impactos negativos da vida, com as frustrações e ausências.
A figura paterna não se restringe ao pai biológico, sendo que na falta deste, a criança poderá identificar referências em avôs, irmãos mais velhos, tios, padrinhos, sendo importante que tanto meninos quanto meninas possam ter esse referencial afetivo, proporcionando uma etapa adulta mais segura e confiante.
Nos primeiros anos de vida é que esse contato masculino se faz necessário. Estudos comprovam que o desenvolvimento emocional da criança está impactado tanto pela presença de pai como de mãe.
É importante destacar que o fato de não haver um pai presente na mesma casa, pode sim, ser administrado, substituído e dado o conforto emocional à criança, pois essa paternidade, seja biológica ou não, favorece a vivência de relações afetivas positivas que englobam o cuidado que permitirá que ela também possa, em sua fase adulta cuidar de outros.
Mais do que sucesso material, é importante resgatar a figura de afeto e referência que está contida sim (talvez esquecida ou desvalorizada) no “ser pai”. Muitas preocupações estão relacionadas com o dar coisas, mas gestos simples como ir ao médico, à festa da escola, ver os trabalhos escolares, ajudar no banho, levar para dormir, jogar um jogo junto, ou seja, fazer parte do mundo do filho, são as mais ricas e especiais heranças que aquele que ocupa o papel paterno pode deixar. Nada complexo, nada caro, mas, certamente, um dos bens mais valiosos que alguém pode ter e, certamente, um adulto, no auge de sua vida, lembrará daquele momento especial vivido entre ele e seu pai, dos sentimentos e atitudes percebidos.
*Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.
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