* Osvaldo Luiz
O Papa Francisco pede para que não se dê protagonismo ao mal. O pedido, feito na sua mensagem para o dia das Comunicações (28 de maio), é um convite para não se fixar ou se deixar envolver por tantas notícias ruins: guerras, violências, corrupção. O Papa se preocupa com o círculo de angústia e uma espiral de medo que pode ocorrer com quem todo dia se alimenta por esse tipo de noticiário.
O melhor seria, então, fazer um jornal “cor-de-rosa”? Não, o Papa não propõe uma desinformação ou um otimismo ingênuo. Não dá para virar as costas para tanto sofrimento e injustiça. Mas também não é o caso extremo de se explorar a dor alheia ao ponto de se tornar a notícia uma espécie de espetáculo. Porque, quando isso acontece, dois perigos se apresentam às pessoas: as consciências ficam anestesiadas ou entram em desespero. E as duas posturas nada favorecem à transformação da sociedade.
É importante questionar quem, todos os dias, se informa sob essa ótica “marrom”. O Papa, no início de seu texto, cita a imagem da Mó de Azenha, comparando-a com a mente humana. Assim como a água corrente faz as pedras esmagarem sem parar o que ali se coloca, nossa mente absorve sem parar o que vemos e ouvimos. A escolha do conteúdo que iremos assistir, ler ou ouvir, se faz, então, essencial. O que iremos moer? Joio ou trigo?
A partir do exemplo de Jesus, o Papa Francisco propõe uma mudança de “lente” em nossa comunicação. Importante ressaltar que em Jesus também há sofrimento, e de cruz! E essa dor tamanha não foi a palavra final, mas fonte de imensa transformação. Assim, nossa comunicação deve ser tal que, mesmo ao tratar do sofrimento, transmita acalento, como diz o Santo Padre: “o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir.” Precisamos assimilar e propagar o tema desta mensagem do Papa Francisco: “’Não tenhas medo, que eu estou contigo’ (Is 43,5). Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”. Saber que, apesar dos pesares, nada está perdido.
É preciso colocar os óculos da esperança para se perceber na história, mesmo em suas páginas mais dramáticas, a libertação. Novamente o Papa ensina: “O fio, com que se tece esta história sagrada, é a esperança, e o seu tecedor só pode ser o Espírito Consolador. A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa”.
Então, mãos à obra, para levar esperança às redes sociais, nas nossas falas, nos Meios de Comunicação. Esperança que pode se materializar num ato de solidariedade, num escutar com paciência, num ombro que ampara, num sorriso que enxerga saídas. E como diz a canção, “desesperar jamais”!
* Osvaldo Luiz Silva é jornalista, autor dos livros “Ternura de Deus” e “A vida é caminhar”, pela Editora Canção Nova e editor da Revista Canção Nova. Presidente da ACLA – Academia Cachoeirense de Letras e Artes em Cachoeira Paulista/SP.