*Por Elaine Ribeiro
Carnaval: tempo de diversão, de folia, e para muitos, dias de extravasar e de colocar todas suas energias nestes 4 ou 5 dias de comemorações. Muitos preparam-se o ano todo para o Carnaval. Roupas, viagens, blocos carnavalescos e todo o aparato do marketing que leva o consumo para esta época do ano.
É uma festa tradicional, que movimenta milhões em recursos para a economia do Brasil. Para tantos outros, tempo apenas para descansar e de buscar totalmente o contrário do que muitos desejam: a tranquilidade.
Vivemos um tempo onde tudo sugere uma urgência e uma necessidade de exposição e intensidade. As redes sociais estão aí e como uma vitrine, expõe tudo e todos que nela se colocam, ou mesmo aqueles que não se colocaram e são alvos daqueles que tudo fotografam ou filmam.
A reflexão para este tempo é: será que a felicidade só mora nestes 5 dias do ano? Será que ao final de tanta intensidade e entrega, você se sente completo, ou acaba estes dias com a sensação de ter exagerado na dose? Claro que a liberdade e a capacidade de reflexão pertence a cada um. Porém, é importante pensar quais são as consequências no pós-carnaval.
As fantasias assumidas nesta época podem envolver as pessoas com o evento. É como se fosse um tempo de liberdade e de rituais como forma encontrada pela sociedade de esquecer o mundo real e fixar-se num local onde a imaginação impera. É como se uma necessidade seja imposta e mergulhada nas brincadeiras, na sensualidade, no prazer, e num estado de alegria.
Mas, por estarmos em sociedade, um dos aspectos a serem avaliados é a pressão que se faz sobre aqueles que não gostam destas comemorações e para eles é sugerido que precisem estar ali, felizes e foliões, com máscaras ou vestimentas típicas, bebendo muito ou fazendo tudo o que é possível em 5 dias.
A atenção que se deve dar então é: por que agir assim? Por que preciso ir ao encontro do que a massa quer e me envolver indiscriminadamente com Carnaval? Se pudéssemos olhar a fundo o que a festa representa, ela vai muito além dos 5 dias de folia.
Comportamentos tipicamente privados, são expressos através das fantasias, máscaras e festa. Aquilo que é vergonhoso, que nos causa medo ou desconforto, pelo contexto, e pela situação, é favorecido no Carnaval.
Vale uma reflexão para que aquilo que é momentâneo não provoque depois o sofrimento e o arrependimento. Para que estejamos atentos àquilo que não condiz com o que somos ou ainda possa ser uma pressão desnecessária do grupo sobre o nosso comportamento. Não deixe de ser quem você é para ser conduzido pela “levada do bloco”.
*Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.
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Twitter: @elaineribeirosp