Santo Agostinho e a busca pelo Eterno

*Por Luzia Santiago

 

Durante a nossa caminhada de fé, encontramos a riqueza e o testemunho dos santos que nos precederam na Igreja. Entre esses, faço referência a Santo Agostinho, cuja memória é lembrada neste mês. Ele nasceu em Tagaste, norte da África, no ano 354, filho de Patrício, um pagão, e de Mônica, mulher cristã que rezou por 33 anos pela conversão do filho. No ano 391, em Hipona, foi proclamado sacerdote pelo povo e ordenado padre. Quatro anos depois, foi consagrado bispo da cidade. Escreveu diversas obras sobre a fé católica.

 

Ao cursar Filosofia na UNISAL, em Lorena (SP), tive minha experiência com as obras de Santo Agostinho. Foi estudando seu pensamento que passei a conhecê-lo, me identificando, especialmente nas “Confissões”, obra escrita por ele aos 42 anos, dez anos depois de sua conversão. Nela, Agostinho confessa a Deus seus desvios, seus erros, seus pecados e louva a Sua imensa misericórdia. Baseada em muitas citações bíblicas meditadas e “ruminadas”, reflete como um grande espelho a alma inquieta e perturbada de Agostinho. E aí eu vi a minha alma. Suas Confissões revelam uma vontade intensa de encontrar a verdade definitiva, absoluta, que satisfaça a imensa sede de saber, de crer, de ser perdoado.

 

Essa verificação da sua vida interior, dos seus desejos e paixões é marca perene de Santo Agostinho. Para ele, independente dos desafios, devemos sempre caminhar em direção à santidade. É impossível ler suas obras sem ser tocado por sua humanidade em busca do Eterno. O homem não tem como retornar a Deus se o próprio Deus não o iluminar. As “Confissões” estimulam o nosso coração para Deus, a uma conversão que nos faz retornar para o nosso criador: “fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em ti” (I,1), onde “Deus será em tudo o repouso e a paz” (XIII, 38). Torna-se claro aí o percurso de toda pessoa em busca de Deus!

 

Agostinho viveu intensamente os grandes e decisivos momentos do Ocidente, foi testemunha do fim de uma era, de uma civilização, de uma cultura. Um dos mais influentes padres da Igreja, morreu no dia 28 de agosto de 430, aos 76 anos. Em vida, confessou: “Meu Deus, de tal forma me converteste a ti que já não procurei esperança terrena, mas permaneci firme na fé em que tantos anos antes havia me mostrado em sonho e minha mãe, transformaste sua tristeza em alegria!”.

 

* Luzia Santiago é cofundadora da Comunidade Canção Nova