* Padre Anderson Marçal
Nossos tempos serão lembrados como tempos da crise do homem, por vários motivos, sendo o principal deles, a inversão de papéis na família, resultado de uma história marcada pela luta de classes entre homens e mulheres.
Historicamente, é preciso reconhecer que a partir da saída da mulher da própria casa, para trabalhar, como resultado de uma enxurrada de desafios postos sobre ela, o homem se perdeu na sua posição como esposo e pai. E isso, claro, trouxe conseqüências devastadoras para os filhos.
Ser “homem de verdade” o que significa? Que crise é esta chamada “crise do homem”, que estamos vivendo nos nossos tempos? Como ser homem de verdade nos nossos tempos? Enfim, tantas e tantas outras perguntas que poderíamos fazer, mas que, na verdade, seriam apenas direções a serem seguidas, jamais metas, pois ser homem de verdade, não tem receita, é um ato criador de Deus, que fez homem e mulher à sua imagem e à sua semelhança (Gn 1,27).
Com esta avalanche de choques culturais, mudança de época, e de profunda não identificação do ser humano, o resultado é uma sociedade em crise, fraca e vulnerável. Em crise, pois se perdeu a identificação dos líderes da sociedade, em todos os níveis, político, familiar, artístico, judicial, econômico, governamental. Fraca, pois sem esta identificação, busca-se criar não pessoas, mas personalidades, ou seja, o que vale é o que eu faço, onde estou, o que posto nas redes sociais, o que escrevo no meu blog ou no meu canal de vídeos. E vulnerável, pois com o avanço tecnológico, da comunicação, todas as pessoas se transformaram em protagonistas, ou seja em criadores de idéias e de ideologias, sem fundamentar-se nas verdadeiras pesquisas acadêmicas e nos debates. Basta ver uma notícia quente em determinado Meio de comunicação, que muita gente vai assumir aquilo como verdade, sem nem mesmo levar em conta de onde vem, ou se é verdade mesmo.
Mas como ser homem de verdade neste tempo? Eis que nos aparece, um tal José, homem simples, justo e por inteiro, homem de verdade, que teria todos os motivos sociais e culturais de não ser o que foi, mas preferiu ser aquilo que a missão que lhe foi entregue exigia: pai de Jesus, o Filho de Deus. Esse tal José, nos aparece como modelo de homem, pois tendo suas virtudes, não as guardou, com medo do que iam dizer, mas as colocou em prática.
Esse tal de José aparece como exemplo de homem, pois soube muito bem arcar com as consequências da sua escolha. Esse tal José, foi homem de verdade, levando em consideração que não devemos apoiar, nem a sociedade machista, nem mesmo a feminista, e sim promover e construir a civilização do amor.
Para que o homem seja homem mesmo, é preciso retomar a caminhada interior. Nos nossos tempos, somos cada vez mais jogados para fora de nós mesmos, por isso o retorno a si mesmo é urgente. Precisa mais uma vez ser capaz de ver a si mesmo num contexto mais amplo, na estrutura do Eterno, ou seja, ver os planos de Deus.
Que este tal José nos ajude, intercedendo por nós junto a seu Filho Jesus Cristo. Amém!
* Padre Anderson Marçal é missionário da Comunidade Canção Nova