A vocação nos tempos de Francisco

* Padre Wagner Ferreira

 

A Igreja Católica no Brasil convoca seus fiéis para, principalmente no mês de agosto, refletir sobre as vocações e também suplicar ao Senhor da messe que envie mais colaboradores à missão evangelizadora. Papa Francisco afirma que “todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho”; evangelizar não é tarefa exclusiva do papa, dos bispos, dos sacerdotes ou leigos engajados em pastorais, movimentos ou grupos específicos.

 

“Pedi ao Senhor da messe que envie operários para sua messe” (Mt 9,38). Este apelo de Jesus sempre encontrou um importante acolhimento por parte da comunidade cristã, uma vez que não cessa de suplicar a seu Senhor novas e santas vocações, homens e mulheres disponíveis ao chamado divino para colaborar com a obra de santificação da Igreja, o povo de Deus.

 

E o Santo Padre a cada ano, no “Domingo do Bom Pastor”, o 4º da Páscoa, convoca a comunidade cristã para celebrar o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, particularmente, a vocação sacerdotal, motivando esse dia com a publicação de uma mensagem à toda Igreja. Para compreendermos, en passant, o pensamento de Francisco sobre a vocação sacerdotal, é oportuno destacar trechos da sua mensagem para este ano, cujo tema é “Impelidos pelo Espírito para a missão”.

 

“Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade”, diz o santo padre. Evangelizar é impregnar de Evangelho o coração das pessoas, de modo que os valores do Reino – justiça, paz, amor, misericórdia, solidariedade – sejam vivenciados nas famílias e nos diversos ambientes da sociedade: instituições de educação, da cultura, das ciências, da política, da economia, dos serviços sanitários, e assim seja construído um mundo onde se promova a dignidade de toda e qualquer pessoa humana, e se promova ainda a justiça social à luz da fé cristã.

 

O medo e a vergonha não podem paralisar os cristãos frente aos desafios da evangelização. Recordando uma das parábolas de Jesus sobre o Reino, papa Francisco assegura: “A semente do Reino, embora pequena, invisível e às vezes insignificante, cresce silenciosamente graças à ação incessante de Deus: ‘O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como’ (Mc 4, 26-27). A nossa confiança primeira está aqui: Deus supera as nossas expectativas e surpreende-nos com a sua generosidade, fazendo germinar os frutos do nosso trabalho para além dos cálculos da eficiência humana”.

 

Essa confiança evangélica deve animar particularmente os sacerdotes, os quais, “com renovado entusiasmo missionário, são chamados a sair dos recintos sagrados do templo, para consentir à ternura de Deus de transbordar a favor dos homens. A Igreja precisa de sacerdotes assim: confiantes e serenos porque descobriram o verdadeiro tesouro, ansiosos por irem fazê-lo conhecer jubilosamente a todos (Mt 13, 44)”.

 

Desejo que todos experimentem a alegria de ser missionários do Evangelho, empenhados em suplicar a Cristo, o Bom Pastor, vocações ao sacerdócio ministerial.

 

* Padre Wagner Ferreira da Silva é membro da Comunidade Canção Nova.