Vocacionados a revelar a face de Cristo

* Padre Marcio Prado

No mês de agosto, a Igreja no Brasil dá ênfase às vocações “dentro da Igreja”. Interessante, sim, dentro, porém para fora, pois a vocação nunca se realiza na solidão; nenhuma vocação é um dom para si, mas sempre uma dádiva para os outros.

De alguns anos para cá, os membros da Igreja têm tomado consciência de que a vocação exige uma resposta, não somente de sacerdotes e religiosos. Na verdade, todos são vocacionados, todos possuem um chamado, conforme é o significado da palavra “vocação”. 

Todo batizado é vocacionado, e isso ficou ainda mais claro com o Concílio Ecumênico Vaticano II. Contudo, quando olhamos para a história da salvação e lemos que Deus escolheu para a missão, pessoas simples, até mesmo pecadoras, quando lemos que Jesus chamou pescadores, um cobrador de impostos, um zelota, mulheres comuns, percebemos que Ele não fez distinção de pessoas. Jesus não procurava pessoas santas, preparadas, mas aquelas dispostas a responder ao seu chamado.

Dentro deste mês vocacional, dessa consciência de que todos somos chamados a levar a Boa Notícia da Salvação em Cristo Jesus, estamos vivendo o Ano da Esperança. Ano jubilar de muitas graças na Igreja, mais um vez de dentro para fora, graças para a Igreja na pessoa de seus membros PARA o mundo. Sim, somos todos vocacionados, somos todos peregrinos, porque um dia fomos chamados e nos colocamos a caminho. A caminho do quê? A caminho da eternidade, do mundo novo, a caminho do Céu. 

Somos peregrinos da esperança anunciada por Cristo, de um novo céu e uma nova terra. Para lá chegarmos devemos assumir nossa vocação de ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14). Cada cristão vivendo sua vocação é um peregrino de esperança que responde ao chamado de Jesus no ordinário do dia-a-dia. 

Onde você está, onde eu estou, somos chamados a semear a esperança em Cristo Jesus. Muitas vezes, precisamos falar d’Ele, e falemos, muito mais com nossos gestos! 

Quantos desafios temos hoje? Milhares, seja de ordem espiritual, psíquica, social, política, … dentro de nossa família, em nossos grupos, nas “redes”. Infelizmente, quanta violência física, verbal e virtual. Nas “arenas da vida” somos peregrinos, e o que temos semeado? Ou não temos semeado? Como “peregrinos porque chamados” devemos revelar a face de Cristo, não podemos nos omitir e nos esconder, pois precisamos viver o Evangelho, para que as pessoas o leiam em nossa vida. 

Assumamos nosso chamado de semear a esperança. Nada de desanimar, caso não vejamos logo os frutos, mas sejamos coerentes com nossa vocação de peregrinos que respondem ao chamado do Senhor. Certos de que Ele nos capacita, disponhamos nossos dons e nos coloquemos a caminho, na alegria de saber que Jesus está sempre conosco! 

 * Padre Marcio Prado é sacerdote da Comunidade Canção Nova, autor dos livros: “Entender e viver o Ano da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela editora Canção Nova. Instagram: @padremarciocn